ROMA, 28 de abr de 2011 às 14:10
O presidente da Federação Internacional de Associações de Médicos Católicos (FIAMC), o doutor José María Simón, assinalou que as críticas ao milagre de João Paulo II sobre a religiosa francesa da Ordem das Pequenas Irmãs da Maternidade, Irmã Marie Simon Pierre, são "ofensivas" para os médicos que deram o diagnóstico da enfermidade.
Neste sentido, o doutor Simón apoiou, em uma entrevista concedida à Europa Press, a veracidade do milagre porque, conforme explicou "o Parkinson não tem cura" e no caso de Marie Simon Pierre, "foi curado", o que "não tem explicação natural".
"É certo que existe o Parkinsionismo, que são formas parecidas com o Parkinson que podem ser adquiridas às vezes por toma de medicamentos, mas a grande diferença entre o Parkinson e o Parkinsionismo é que este último não é tão unilateral como a doença de Parkinson", explicou.
Assim, pôs como exemplo o próprio João Paulo II, que "tinha a parte esquerda do corpo muito mais paralisada que a direita" porque "podia abençoar com a mão direita e dar a mão" algo que "com a esquerda não".
Além disso, apontou que os possíveis milagres de cada processo de beatificação "são estudados por uma comissão médica" que "verifica se for ou não uma cura natural" e, neste sentido, assegurou que "aos que amam a Igreja não interessa envergonhá-la".
"Não diríamos que uma coisa é extraordinária se tiver uma explicação natural porque também temos que proteger nossa instituição e seu prestígio", declarou, e admitiu que "quem não quer acreditar, embora ressuscite um morto, não crerá".
Por isso, o doutor Simón insistiu em que a religiosa, que começou a notar os primeiros sintomas em 1988 e em 1991 foi diagnosticada de Parkinson juvenil, foi curada "inexplicavelmente" por intercessão de João Paulo II nos dia 2 de junho de 2005, depois de que toda a comunidade rezasse ao defunto Pontífice.
Além disso, sublinhou também que "o fato de que fosse uma irmã que se ocupa da maternidade" é "muito interessante" porque "João Paulo II sempre apoiou a mulher, a maternidade e a vida nascente".
Não obstante, o presidente da FIAMC recordou que a santidade de João Paulo II, que será beatificado no próximo domingo 1 de maio, demonstra-se sobre tudo "através do testemunho dos milhares de cristãos" que abarrotaram a Praça de São Pedro no dia do funeral de João Paulo II, em 8 de abril de 2005.
Do mesmo modo, afirmou que também é "uma garantia" que "o Papa que o beatifica", Bento XVI, tratava seu predecessor "muito de perto, como seu colaborador" por isso "ele mesmo pode comprovar as virtudes de João Paulo II".
Um magistério "excepcional"
Para o doutor Simón, João Paulo II deu durante sua enfermidade, "um magistério excepcional sobre o sentido da vida, a família e o sofrimento" não só "por escrito" mas "também pessoalmente".
Em João Paulo II, conforme declarou o doutor Simón, pode-se ver "a tenacidade de um ser humano que via que Deus lhe estava pedindo algo ao final de sua vida que não lhe havia pedido ao início" e "seu abandono à vontade de Deus".
Conforme destacou o doutor Simón, Deus pediu a João Paulo II "a renúncia também ao sorriso" porque a enfermidade do Parkinson produz que "seja muito difícil sorrir, além de reduzir grandemente a mobilidade".
Não obstante, o presidente da FIAMC assegura que o Parkinson "pode tornar lentos alguns pensamentos" mas "não elimina o raciocínio" por isso afirma que Karol Wojtyla manteve-se "completamente lúcido e consciente até o final".